'Ilê da Mona': expo em BH é inspirada em persona drag queen

Renato Morcatti apresenta trabalhos - alguns com mais de 2 metros de altura - na Galeria Periscópio

Publicado em 01/08/2021
Ilê da Mona: exposição de Renato Morcatti é inspirada em drag queen
Drag Tara Wells é a base da mostra, que também teve inspiração em obra de Kafka

Está em cartaz em BH uma mostra de Renato Morcatti inspirada em sua persona drag queen.

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Em Ilê da Mona, o artista teve como guia Tara Wells, personagem que ele encarnou na capital mineira nos anos 1990.

Para essa instalação, Morcatti relata que também se inspirou no romance A Metamorfose de Franz Kafka.

"Eu reli esse livro recentemente, e várias coisas me chamaram atenção. Uma delas é que as transformações vão acontecendo não só no corpo do personagem, o Gregor Samsa, mas também na própria casa que ele habita", explica.

Isso o motivou a construir um trabalho que também pudesse incorporar um pouco dessa transição, por isso a escolha de usar o papel de seda em uma escultura chamada "Mariposa".

"A ideia é que ali na vitrine, junto com diversos outros objetos que nos transportam para o ateliê de uma drag queen, a ‘Mariposa’ esteja mesmo bastante vulnerável porque ali bate sol e o material é delicado. Então, o trabalho também poderá se modificar, se transformando ao longo do tempo", diz Morcatti.

Renato Morcatti apresenta Ilê da Mona na Galeria Periscópio

Outra referência na instalação é o jornal Lampião da Esquina, criado durante a ditadura militar no Brasil por homens gays e que denunciava violência contra LGBT e dava visibilidade ao segmento.

Nos estandartes, peças de grande proporção, algumas ultrapassando 2 metros de altura por 1,10 de largura.

"Esses trabalhos são feitos em tecido, que eu vou tingindo depois alvejando. Eu vou brincando com essa matéria, dando nós, rasgando. Eu gosto de ver como a matéria vai se acumulando, ganhando uma dimensão no espaço e também se transformando."

Na série "Guia", composta por oito destes estandartes, Morcatti reproduz os azulejos de cerâmica pintada, "pele" que reveste grande parte da casa que habita, explica o artista.

Em algumas destas obras o artista representa a planta baixa de sua casa, utilizando tiras rasgadas de tecido tingido de vermelho. O que também remete ao próprio título da exposição.

"O termo ‘ilê’ é uma gíria no meio gay, conhecida no dialeto pajubá, para se referir a casa. E essa palavra vem da língua iorubá, na qual também significa ‘interior de uma casa”, explica Morcatti.

Ilê da Mona fica em cartaz na Galeria Periscópio, no Barro Preto, de terça a sábado, até 21 de agosto. Mais informações você tem em nossa Agenda clicando aqui.


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