Cabeleireiro é condenado por dizer que não contrata 'viad0'

Em áudios levados à Justiça, empresário mostrou preconceito contra negros, gordos e feministas

Publicado em 01/11/2025
Diego Beserra Erneesto é condenado em São Paulo
Diego confirmou veracidade dos áudios, mas afirma que não tem preconceito

Um cabeleireiro foi condenado, pela Justiça de São Paulo, por falas discriminatórias, incluindo homofobia.

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Proprietário de um salão de beleza em Perdizes, bairro de classe média alta na zona oeste de São Paulo, Diego Beserra Ernesto foi alvo de uma denúncia após enviar mensagens de áudio com várias declarações preconceituosas.

O caso ocorreu em 12 de janeiro de 2023. Naquele dia, Diego conversava com o também cabeleireiro Jeferson Dornelas, que é negro e pagava aluguel a Diego para usar uma cadeira no espaço e poder atender às suas próprias clientes.

Eles falavam sobre outra profissional das madeixas, Ana Carolina Alves de Souza, que Jeferson conheceu no dia anterior e que pretendia contratá-la como auxiliar. A moça desistiu da vaga sem dar explicações.

Segundo o G1, assim que mandou recado a Diego contando sobre a desistência de Ana, Diego respondeu com o seguinte áudio:

"Eu não contrato gordo. Eu não contrato petista, eu não contrato preto. Cê tá entendendo? Mas, no caso do preto, por quê? Porque alguns se fazem de vítimas da sociedade", afirmou o cabeleireiro.

Ele continuou: "No caso dali, a mulher, tem duas coisas, mano: gorda e preta. Ela não cuida nem do próprio corpo, entendeu? Como é que vai ter responsabilidade na vida? Não tem."

De acordo com Jeferson, os áudios com ofensas continuaram e Diego seguiu falando de ex-funcionários negros e gays.

"Inclusive... [tem] cabelo curto, é feminista”, disse o empresário. “Não estou generalizando, falando que todas são. Mas tem uma grande probabilidade de ser feminista. Feminista é um saco. Você não pode falar nada."

"Esqueci de falar, mano. Não contrato mais viado [risada]. Principalmente viado. Viado... mas nem fuden**. Não contrato mais. Só se a pessoa estiver mentindo."

Jeferson desistiu de atender clientes no salão de Diego e falou à reportagem, à epoca, que o empresário tinha que "pagar criminalmente pelo que ele fez".

À Justiça, Diego confirmou a veracidade dos áudios, mas negou ser preconceituoso.

Durante a investigação, a polícia relatou que todos os funcionários de Diego eram brancos, magros e heterossexuais.

Na quarta-feira 29, o caso foi a julgamento. A juíza Manoela Assef da Silva, da 15ª Vara Criminal, condenou Diego a pagar R$ 15 mil de indenização por danos morais a Ana e outros R$ 15 mil a algum fundo de igualdade racial a ser determinado pela Justiça. 

Ele também foi condenado a pena de prisão de dois anos e quatro meses em regime aberto, que foi substituída por prestação de serviços à comunidade.

Procurado, o advogado do empresário, José Miguel da Silva, afirmou nesta sexta que irá "recorrer" da condenação às instâncias superiores da Justiça.


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