Uma médica ginecologista e sua mãe foram condenadas a pagar R$ 14 mil em indenização por danos morais ao ex-marido dela e ao atual companheiro dele por homofobia.
Segundo a colunista Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo, a sentença foi proferida no último dia 15 pelo juiz Anderson Valente, da 8ª Vara Cível de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.
A ex-mulher do médico Danilo Borges Soares e a mãe dela, que era sogra dele, portanto, passaram a ofender Danilo e o seu novo companheiro, o cirurgião-dentista Lincoln Franco Ribeiro, após o término do casamento do médico com a mulher.
As duas teriam mandado áudios e mensagens xingando o casal de termos homofóbicos tais como "veado", "indecente", "lixo" e "psicopata".
Danilo relatou que a ex-mulher teria feito contato com a mãe dele, de 88 anos, para agredi-lo indiretamente.
"Pesquisava sobre a vida do meu companheiro, enviava informações e fotos e dizia coisas pesadíssimas", disse Danilo à publicação.
"É uma sensação de colocar um limite, porque a coisa não para por aí, ainda não parou [as agressões]", afirmou. "Minha ex-sogra usava o telefone das minhas filhas, que tinham contato comigo, para se comunicar."
No processo, a acusadas argumentaram que apesar do teor discriminatório, as manifestações eram frutos de desespero e preocupação com as filhas do então casal, que são menores de idade.
A ex-esposa diz também que foi traída e abandonada em meio a um tratamento oncológico.
O juiz não comprou a versão delas. "Não se tratou de desabafo momentâneo decorrente de choque emocional", afirmou o magistrado. "Mas de condutas prolongadas no tempo, reiteradas em diversos episódios."
Valente ressaltou que o divórcio é legalizado no Brasil e que não aceitá-lo não autoriza ninguém a perseguir o outro.
As condenadas terão de pagar R$ 7 mil para cada uma das vítimas, além das custas processuais e honorários advocatícios.
"Respeitar as diferenças não é um favor, é obrigação", afirmou. "Desde que você tenha uma postura digna, pode ter uma vida tranquila, independentemente das suas diferenças com todo mundo."
À reportagem, a defesa da médica disse que ela tem "amplo onhecimento sobre educação sexual, livre de rótulos, que convive bem com as diferenças e que está vivendo um pesadelo desde que foi traída e abandonada". Elas irão recorrer.