Mulher negra mais votada para a Câmara Municipal de Belo Horizonte em 2020, com 7.771 votos, a vereadora psolista Iza Lourença agora disputa cargo de deputada federal.
Bissexual e mãe de Ana Victoria, Iza está com 28 anos e idealizou o movimento Flores de Resistência, que articula pessoas periféricas pela dignidade menstrual e o cursinho popular Consciência Barreiro.
Ao Guia Gay BH, a candidata prometeu lutar pela prevenção ao suicídio de pessoas LGBT e a instituição de cotas para pessoas trans em universidades e concurso públicos, e afirmou pretender ser uma das porta-vozes da comunidade LGBT na Câmara dos Deputados. Veja mais sobre suas propostas:
O Brasil é um dos países mais avançados do mundo em direitos LGBT, mas ainda há desafios para a cidadania arco-íris. Quais suas propostas para que o País avance nesse campo?
Nossas principais propostas para a população LGBTI+ são a desburocratização do acesso ao direito ao uso do nome social; a defesa da política de hormonização especializada e a promoção da saúde integral da população trans no Sistema Único de Saúde; a prevenção ao suicídio de pessoas LGBTI+; e a instituição de cotas para pessoas trans nas universidades e concursos públicos.
Além dessas propostas, nos comprometemos integralmente com a agenda LGBTI+ e pautá-la no Congresso Nacional. Como bissexual, pretendo ser uma das porta-vozes das LGBTI+ no Poder Legislativo, estando em contato constante com os movimentos sociais para identificar novas demandas e levá-las para o centro do debate público, articulando com a bancada do povo e votando positivamente em projetos de lei que garantam a vida e os direitos da população LGBTI+ de Minas Gerais e do Brasil.
Fora a questão LGBT, quais seus projetos para a população brasileira em geral?
A melhoria da qualidade de vida do nosso povo, a garantia de direitos básicos, a distribuição de renda e a preservação do meio ambiente são nossas prioridades.
Queremos reverter os retrocessos promovidos pelo atual governo, que cancelou direitos já consolidados, e avançar na conquista de novos. Focamos na luta antirracista, na defesa das juventudes, das mulheres, contra a fome e a pobreza, na luta pela educação pública e de qualidade, por mobilidade urbana e cultura.
Em que seu mandato vai se diferenciar em relação ao que se tem na política atualmente?
Nossa forma de fazer política é ocupando o poder. Somos representantes do povo porque viemos do povo, fazemos parte de grupos que estão historicamente afastados do poder.
Quando ocupamos o poder, levamos nossas pautas para o centro do debate político. Com o mandato de vereadora, construímos o que chamamos de Mandato Movimento, que é um trabalho realizado em contato constante com o povo.
Não é a Iza Lourença sozinha que exerce o poder, mas um projeto coletivo, feito em contato direto e constante com os movimentos sociais, realizando elaborações coletivas, com as pessoas participando e falando sobre suas necessidades, demandas e expectativas, as quais serão diretamente consideradas no trabalho parlamentar.
Cada decisão tomada vai ao encontro ao que o povo precisa, diferentemente do que se vê na política tradicional, em que as decisões políticas são tomadas considerando as relações políticas, a troca de benefícios e o fortalecimento da agenda pessoal dos candidatos e seus partidos.
Como fizemos com o mandato municipal, pretendemos ocupar o Congresso Nacional com nossas demandas, nos articular com uma bancada do povo contra a fome, contra a violência, para recuperar direitos perdidos e avançar na distribuição de renda, na preservação do meio ambiente e no bem viver do povo desse país, em toda sua diversidade e riqueza.
