De uma casa a outra. Aos 12 anos, Gleyk Silveira foi expulso de casa por homofobia familiar. Agora, aos 34 anos, sua determinação está focada em entrar na casa legislativa de BH para, dentre outros pontos, evitar que mais LGBT passem por o que ele passou.
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Por que se candidatar?
O cenário conservador que se instalou não somente no Senado e na Câmara dos Deputados, mas em todo o legislativo fez com que partidos que se preocupam com direitos humanos buscassem novos quadros. E, frente a isso, nós ativistas sociais tivemos mais voz como contraponto a este conservadorismo nesses partidos.
Vendo a pauta conservadora avançar e a de direitos civis estagnar, o movimento passou a clamar por mais representatividade nas vias institucionais, o que torna um dever apresentarmos candidaturas LGBT para alcançar esse objetivo.
Como o negro busca sua representatividade, como a mulher busca a sua representatividade, os LGBTs também anseiam por visibilidade e creio que, a partir deste momento, as organizações que estão realmente preocupadas com o avanço da pauta sentiram a necessidade de apresentar candidaturas tais como a minha, que são altamente representativas e com histórico de luta.
Creio não ser uma opção, é um dever levar a discussão para além do movimento, pautar a sociedade e disputar o espaço político.
Por qual partido vai se candidatar? Por que essa escolha?
O PCdoB se destacou para mim pela organização no Estado e por apoios de parlamentares daqui, tais como como os deputados federais Jô Moraes e Wadson Ribeiro, ambos com projetos em defesa da pauta e extrema empatia com nossa luta por direitos e igualdade.
A escolha também tem a ver com o fato de ser um partido altamente comprometido com movimentos sociais desde sempre. Realmente, organização e comprometimento foram fundamentais para me filiar ao PCdoB.
Quais suas principais bandeiras?
Desde a organização da nossa pré-candidatura, estamos focando em pautas de direitos humanos, principalmente de direitos civis LGBT e de minorias. Um propositor de leis não pode fechar os olhos para qualquer tipo de problema social ou estrutural numa cidade, por isso tentamos abordar todo tipo de situação e demanda que surja no decorrer da formação dessa pré-candidatura até que se efetive a candidatura e possamos dar vazão a todos os temas.
Você acredita que qual será seu maior desafio na campanha?
Como a política até hoje é vista como algo em que uma classe somente pode ter acesso a ela, se torna uma dificuldade enorme um rapaz sem recursos financeiros e dependente de apoio de doações pessoais criar estrutura para uma campanha que não visa ser somente ideológica, mas que tenha possibilidade reais de aprovação.
Este fator e o de ser assumidamente gay com uma pauta delicada e incompreendida são a meu ver os dois maiores desafios: daí entram os pontos que me dão total legitimidade para a defesa a que proponho, que é o recorte de classe e o orgulho de ser um cidadão homossexual que luta pelos direitos igualitários.