Por Jefferson Lorentz
Nos preparativos finais para a 19ª Parada do Orgulho LGBT de BH, que será realizada neste domingo 17, a comissão organizadora se reuniu com os voluntários no Centro de Referência da Juventude, no sábado 16, às 16h.
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Segundo a organização, foram selecionadas 100 pessoas para o voluntariado, de todas orientações sexuais e identidade de gênero. A escolha foi feita por meio de chamada pública.
Do total, 10% do voluntariado sedeclararam transexuais e travestis. Portanto, mesmo com o foco do evento sendo a cidadania trans, a grande maioria de quem o faz é cisgênero.
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Para o vice-presidente do Cellos-MG, entidade responsável pela parada, Azilton Viana, o fato é muito positivo. "Claro que há incompreensões dentro de nossa sigla, mas, ao meu ver, é algo relacionado com as diferenças de opinião, de ideologia política, inclusive de mão dupla. Mas hoje o que importa não é o que nos separa, mas o que nos une. Temos uma pauta que são os nossos direitos civis. E isso é o mais importante", declarou ao Guia Gay BH.
"O fato de a parada abordar a questão do gênero é um passo para mostrar que estamos todos juntos independente de qual seja o gênero ou a orientação sexual", completou.
Início promissor
Dentre as voluntárias trans presentes na reunião estava a estudante de serviço social Rhany da Silva Mercês, 29 anos, que divide o tempo entre seu salão de beleza e o estágio no Projeto Protagonismo LGBT, desenvolvido pela Instituto Pauline Reichstul e o Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais (Cellos/MG).
Este é o primeiro ano dela como voluntária na parada, que tem como tema "Democracia é respeitar identidade de gênero: não nos apaguem com a política".
"Estou muito feliz em participar deste momento que acredito ser significativo para a vida das trans e das travestis. Estamos chamando a atenção para falta de políticas públicas para essa população que acaba sendo marginalizada, enfrentando diversos obstáculos seja para ter seu nome social em documentos, seja para arrumar um emprego", destacou.
No encontro de sábado, dentre muitos cisgêneros, somente Rhany e outra trans estavam presentes. Para a estudante, o horário e o fato de ser sábado contribuíram para as ausências, pois algumas ainda trabalham se prostituindo e muitas vezes não possuem condições de ir ao local.
Embora o número pareça modesto, ela acredita que a tendência é que aumente a partir do momento em que as trans e as travestis se sentirem respeitadas. "É fato que toda pessoa vai onde se sente respeitada. E com nós não é diferente. Este é o primeiro ano em que a parada, um evento de afirmação, destaca a questão do gênero. Tenho certeza que nos próximos anos este numero será maior."
Dentre os motivos que mobilizaram os participantes a se tornarem voluntários está a consciência de que o país atravessa momento de retrocessos sociais e ameaças aos direitos das pessoas, comentou Viana.
Na parada, uma bandeira de 20 metros criada para representar a população trans será estendida ao lado da tradicional bandeira do arco-íris, símbolo máximo do movimento LGBT. Esta será a primeira vez que a flâmula azul, branca e rosa estará presente na parada da capital.
A expectativa da organização é de que 50 mil pessoas participem do evento, que terá concentração a partir de 11h na Praça da Estação, com shows e falas políticas. A Parada do Orgulho LGBT de BH ocorre desde 1998, é a maior do Estado de Minas Gerais e a terceira mais antiga do Brasil, junto com Brasília.