Sua identidade é simbolizada por um pente como ornamento de seu orgulhoso cabelo black power. Entretanto, o DJ Dú Pente quer deixar marcas outras na cidade.
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O artista, bissexual, é candidato à vereança de BH pelo Psol e deseja ocupar o cargo para mudar o sentido de fazer política e atuar junto às pessoas que constroem a cidade.
Por que se candidatar a vereador?
Minha insatisfação com a crise da representatividade e participação política é um dos motivos que fizeram pleitear o cargo de vereador na Câmara Municipal, mas o principal motivo é saber que necessitamos urgentemente desenvolver políticas que garantam a vida dos jovens especialmente dos negros, pautar a reconstrução de uma sociedade onde não sejamos alvo da violência das polícias e da exclusão, apenas por sermos negros.
Enfrentar o silenciamento das nossas vozes, nos espaços públicos, privados ou institucionalizados, é urgente. Coloco meu corpo, minha experiência e interesse pela coisa pública, a serviço deste questionamento essencial para nossa emancipação e conquista da real liberdade.
Quais são suas principais bandeiras?
Acredito que se organizar em torno de bandeiras é limitador e não dialoga com as diversas formas de organização possíveis, me organizo em torno de causas comuns a diferentes grupos, as causas principais são: a luta contra o racismo estrutural que é fator determinante no genocídio da população negra, radicalização da democracia com a redução dos privilégios politicos, a luta contra a LGBTfobia, pelo acesso ao espaço público, a descentralização e distribuição dos investimentos em cultura e lazer ampliando-os às periferias, a humanização da guarda municipal perante sua desmilitarização, pautando de forma transversal políticas públicas que dialoguem com as questões estruturais.
Por que escolheu o Psol?
O sistema político brasileiro ainda exige a filiação a um partido político para disputar uma vaga na câmara municipal. Sendo assim, escolhi o Psol após um amplo debate no qual percebi algumas afinidades programáticas, como por exemplo o partido nunca ter recebido financiamento privado de campanha, garantido em seu estatuto, principal fator da despolitização da política.
Quais as maiores dificuldades que tem enfrentado na campanha?
Além dos altos custos de campanha, tem sido reencantar o fazer político, trazer para perto de pessoas comuns como eu que é possível fazer diferente, de forma coletiva, sem interesses pessoais ou privados, mostrar que o nosso lugar também é nas estruturas legislativas, questionando e decidindo sobre nós. Enfrentar o estigma e desconfiança de que se interessar por politica não te torna bandido e sim é uma necessidade, também é exercer a cidadania.
Porém tem sido tranquilo, venho de construções e ocupações coletivas nas ruas. Estar com as pessoas e fazer com elas é meu objetivo, é hora de ocuparmos a política e fazer diferente de politicos profissionais que estão há décadas dentro de gabinetes sem a mínima vontade política de saber o que nós, povo, realmente necessitamos.