Um homem conhece um rapaz mais novo em uma boate, o leva para casa e acorda três dias depois sem dinheiro e sem os móveis em casa. Esse é o mote do espetáculo Boa Noite Cinderela, que retornou aos palcos de BH.
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No palco, sozinho, está o ator Amauri Reis que interpreta este bancário cinquentão - e bailarino clássico amador - vítima do golpe. Cheio de angústias, ele se pergunta: "Como é que vou contar para a minha mãe? Como eu vou contar para o mala do meu chefe?'.
Para Amauri, a peça trata da vergonha de um cara acometido por uma tragédia e que não saiu do armário. "É a partir daí que falamos de solidão e de amor, com um contexto atual, já que estamos vivendo num momento de exacerbação da homofobia, onde um cara entra numa boate e mata, a tiros, 50 homossexuais", diz, fazendo alusão à matança na boate Pulse, em Orlando, EUA, em junho passado.
"É um espetáculo que alerta para que as pessoas se respeitem, independente se é branco, negro, espírita, católico, hétero ou homossexual", define o ator. Amauri sentiu o desejo de montar a peça há dois anos e encomendou o texto ao amigo e também ator Carlos Nunes.
Para a diretora Inês Peixoto, a peça, mesmo abordando em uma questão específica, é universal. "É bonito, por exemplo, os momentos em que ele fala da solidão materna, essa solidão que a gente está acompanhado de milhões de seguidores de redes sociais, e ao mesmo tempo está todo mundo sozinho", diz
Para viver o personagem, o ator passou a ter aulas de dança e balé. "Amauri me mostrou, no primeiro dia de ensaio, a coreografia que ele trabalhou durante os dois anos a que ele se dedicou ao balé. Desta primeira cena, partimos para o 'acordar' de um 'boa noite Cinderela'. Mergulhamos nos temas da solidão, do preconceito, da fantasia, do amor e da perda", diz.
"Assistimos filmes realistas sobre relações amorosas pagas, como por exemplo 'O Cheiro da gente'. Assistimos diversas versões de 'Cinderela' e 'O Lago dos Cisnes', mergulhando no universo encantador e feminino das princesas bailarinas. Bebemos em Chaplin e no Les Ballets Trockadero de Monte Carlo. Fomos encontrando nosso jeito de dançar, sofrer e rir dessa história", explica a diretora.
O espetáculo cumpre temporada até 4 de setembro no Teatro da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa de sexta a domingo. Mais informações - como horários e valores - você tem em nossa Agenda.