Taxa de HIV em homens em BH cai, porém é maior que média nacional

Além disso, mesmo sendo por volta de um décimo dentre os homens da capital, HSH são cerca de metade dos infectados

Publicado em 03/04/2016
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Para ONG LGBT, erro do governo está na falta de campanhas específicas para o segmento

A notícia é boa, mas ainda requer atenção. A taxa de infecção por HIV em homens em BH em 2014 é menor do que a de 2010. O valor no início da década era de 45,4/100 mil homens. Quatro anos depois, o número caiu para 44,2. Isso depois de ter chegado a 54,2 em 2012, o maior pico desde 2003. 

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A comemoração entretanto deve ser comedida. De acordo com a fonte daquela taxa, o boletim epidemiológico de HIV/Aids de BH divulgado no site do Departamento de DST/Aids e Hepatite Virais, do Ministério da Saúde, o índice de infecção no segmento masculino na capital mineira é 37,3% maior do que a média brasileira, de 27,7. A taxa dentre mulheres, por outro lado, é igual na comparação (13,7). 

E mais: na cidade, os chamados HSH (homens que fazem sexo com homens, ou seja, gays, bi e os que não se identificam como tais) são, desde 2010, cerca de metade dos que se infectaram com HIV dentre homens acima de 13 anos de idade. Em 2014, o percentual foi de 50,5%, número menor do que dos dois anos anteriores, porém maior do que os de 2010 e 2011 (ver tabela). 

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Os números sobre HIV incluem cerca de 25% na média de via de transmissão ignorada, o que prejudica leitura mais realística do cenário. Entretanto, mesmo que todo esse total fosse de infecção via sexo heterossexual, ainda sim, a incidência dentre HSH continuaria preocupante. 

Como base para uma análise livre, o levantamento Pesquisa Mosaico Brasil, feito pela Universidade de São Paulo em 2008, encontrou que, dentre os homens de BH com mais de 17 anos de idade, 6,4% são homossexuais e 2,8% são bissexuais. Portanto, enquanto os dois segmentos perfazem 9,2% do universo estudado, o número de infectados seria por volta de cinco vezes a presença proporcional na população. 

Para o integrante da ONG LGBT Cellos-MG, Thiago Costa, esse cenário tem dentre suas causas campanhas mal feitas. "Os órgãos de saúde em geral não focam as ações no público HSH. Hoje em dia, há tendência em falar que a aids não tem cara. Isso está certo, mas existem grupos que são mais vulneráveis e, dentre eles, a preponderância do grupo HSH é alarmante."

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A crítica continua. "As campanhas não dialogam com o público HSH, principalmente com os jovens, que vêm apresentando os maiores índices de infecção." Procurada pelo Guia Gay BHrebater as pontuações e mostrar o que tem sido feito para reverter os números, a Secretaria de Saúde de BH não se pronunciou. 


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