Travestis e transexuais de BH são mais ricas que população média

Por outro lado, 31,4% já foram alvo de arremesso de lixo e 20,56% saíram de casa por violência ou preconceito da família

Publicado em 26/02/2016
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Segmento está no topo econômico e possui boa escolaridade

Travestis e transexuais profissionais do sexo estão na base da pirâmide econômica? Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra que a resposta é não e que, ao contrário do que muitos pensam, elas ocupam o topo em ganhos financeiros. 

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Entrevistas com 141 pessoas trans femininas que atuam no mercado do sexo em BH e Contagem, feitas entre 2012 e 2014, evidenciaram que há cinco vezes mais travestis e transexuais na faixa de maior ganho mensal (acima de 10 salários mínimos) do que ocorre com a população em geral e acima de 17 anos de idade residente na capital mineira. As taxas são 27,60% no caso das transgêneros e apenas 5,6% dentre os belo-horizontinos. 

A presença maciça de travestis e transexuais também é constatada na segunda maior faixa de renda, com rendimento mensal entre 5 e 10 salários mínimos. Dentre elas, 36,20% estão nesse segmento econômico, enquanto dentre moradores de BH o índice é de apenas 8,7%. Os dados sobre a população da capital são do Censo 2010, do IBGE.

Para uma das integrantes da equipe responsável pela pesquisa, Rafaela Vasconcelos Freitas, a discrepância é compreensível. "Não há dúvidas de que o mercado do sexo é vigoroso. Entretanto, ele só é rentável enquanto a travesti e transexual atende a determinado tipo físico. E muitas das pesquisadas não trabalham apenas com prostituição. Foram também relatados trabalhos em profissões formais."

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O levantamento, realizado pelo Núcleo de Diretos Humanos e Cidadania LGBT (Nuh/UFMG) e divulgado há poucos dias, encontrou também alta taxa de travestis e transexuais com Ensino Médio completo ou incompleto (59,4%).

Na população geral, mesmo somando quem não ingressou naquela fase de estudos e quem chegou a cursar faculdade, o índice é inferior, total de 49,41%. A correlação direta não pode ser traçada por os critérios da UFMG serem divergentes dos utilizados pelo IBGE na amplitude dos conceitos. 

Entretanto, há uma forte reversão quando o nível de instrução é o Ensino Superior completo. Aí, apenas 2,2% estão nessa faixa enquanto 20,25% dos moradores de BH possuem diploma universitário, embora, como já visto, tê-lo não os fazem ter ganhos tão expressivos quanto os obtidos pelas profissionais do sexo. 

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Por um lado, bem mais ricas do que a população em geral. Por outro, uma vida com muitos episódios violentos. Dentre as entrevistadas, 45,88% relataram ter sido vítimas de violência com extintor de incêndio, e 66%, alvos de ovadas. O estudo não perguntou sobre a autoria dos ataques. 

Os episódios violentos também são vividos no seio familiar. Do total, cerca de um quinto (20,56%) dissseram ter abandonado a casa dos parentes por sofrerem preconceito. O mesmo índice de quem o fez por conta do trabalho. 

Para ter acesso á integra da pesquisa "Direitos e Violência na Experiência de Travestis e Transexuais na Cidade de Belo Horizonte", clique aqui. 


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