Cinco pessoas foram indiciadas por homicídio qualificado e crimes correlatos contra um casal gay que vivia em Governador Valadares (a 316 km de Belo Horizonte).
Everaldo Gregório de Souza, de 60 anos, e Thomas Stephen Lydon, de 65, que viviam em união estável, foram mortos em junho e o inquérito foi concluido pela Polícia Civil de Minas Gerais na última quinta-feira 13.
De acordo com o G1, as mortes foram inicialmente registradas como naturais, porém, depois passaram a ser tratadas como suspeitas quando familiares relataram que não sabiam que Everaldo havia sido internado e pelo corpo de Thomas ter sido enterrado de forma muito rápida, sem comunicação à família do marido.
A polícia acredita que os dos principais suspeitos eram próximos do casal: uma irmã de Everaldo e um amigo.
Em 3 de junho, o amigo conseguiu uma procuração com "poderes irrestritos" sobre Everaldo, podendo movimentar suas contas bancárias e administrar bens.
No dia 9 do mesmo mês, medicamentos de uso controlado foram comprados com receita falsa pela irmã de Everaldo. A médica que assina o documento negou que tenha prescrito as drogas.
Em buscas, agentes encontraram com os suspeitos receituários do Sistema Único de Saúde (SUS) em branco e carimbos de profissionais de saúde.
Em 18 de junho, o amigo do casal procurou corretor de imóveis para iniciar processo de venda dos imóveis de Everaldo.
No dia seguinte, Everaldo é internado após passar mal, supostamente por coma alcoólico.
Um dia depois, Thomas morre, supostamente vítima de câncer de pele. Ele é enterrado no dia 21 em Governador Valadares (MG) sem o conhecimento da família de Everaldo.
No dia 26, Everaldo falece no hospital.
Em julho, familiares de Everaldo procuraram a polícia desconfiados de sua internação e do enterro rápido do marido dele.
Em 16 de julho, uma aplicação financeira em nome de Everaldo no valor de quase R$ 380 mil foi resgatada.
Na exumação dos corpos, em outubro, o exame toxicológico encontrou nas duas vítimas presenças de Fenitoína e Fenobarbital - ambos usados para prevenir convulsões. O segundo também é conhecido pelo nome comercial de Gardenal.
Em doses altas, as substâncias podem causar parada cardiorrespiratória.
O laudo apontou também que Everaldo tinha sinais de espancamento.
A motivação dos crimes foi patrimonial. A polícia identificou movimentações superiores a R$ 1,3 milhão ligadas ao grupo, além de bloqueio judicial de R$ 1,5 milhão em ativos financeiros e veículos para resguardar os herdeiros.
Quatro pessoas responderão por homicídio qualificado, falsificação de documentos, uso de documento falso, estelionato, lavagem de dinheiro, associação criminosa e fraude processual.
Uma quinta pessoa, que atuava como advogada, foi indiciada por coação no curso do processo, por tentar interferir no depoimento de testemunhas durante a investigação.
Um dos indiciados já era suspeito pelo desaparecimento de uma prima e pela morte da própria mãe.
Os dois principais suspeitos estão presos preventivamente.