O coletivo Toda Deseo comemora dois anos e está com uma programação especial para celebrar o aniversário.
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O grupo que se dedica a criar experiências e repensar as representações de gênero dentro da performance, foi homenageado na quinta-feira 16 no XI Prêmio de Direitos Humanos e Cidadania LGBT, que integra a programação da 18ª Parada do Orgulho LGBT de BH.
Nesta sexta-feira, dentro do Noturno dos Museus, o coletivo apresenta Corpos que Não Importam e no sábado eles realizam a festa Arrasa no Puta Espaço Cultural, no Centro.
O coletivo conversou com o Guia Gay BH para contar um pouco mais sobre suas ações.
De onde surgiu a ideia de montarem o grupo?
A Toda Deseo é um coletivo criado em 2013, por artistas de Belo Horizonte, com o intuito de desenvolver um trabalho artístico que tem como eixo central o universo trans – termo este utilizado com o intuito de abarcar e ampliar o leque das possíveis definições relacionadas às transformações de gênero. O estudo teórico-prático do ator e diretor Rafael Lucas Bacelar na Universidade Federal de Minas Gerais desencadeou na criação do espetáculo-festa No Soy un Maricón, que trata das questões das transformações e a construção das identidades de gênero, especificamente no caso das travestis e transexuais.
A intenção era criar experiências e repensar as representações de gênero dentro da performance, levando a espaços não convencionais da cidade como bares, boates, cafés, espaços públicos etc, unindo arte e ativismo social. O laboratório para a criação da peça se deu principalmente nos espaços noturnos e festas de Belo Horizonte, frequentados por travestis e transexuais. A Toda Deseo defende o trabalho artístico como um mecanismo de resistência a essa organização que gera desigualdades. Entendemos que as artes, principalmente o teatro sempre tiveram esse caráter político; tudo é político.
E o que já apresentaram/ações que tiveram nesses dois anos?
Performances/ shows/ fechações na: 1) Comemoração dos 15 anos do Galpão Cine Horto"; 2) Baile de Máscaras da Escola de Belas Artes da UFMG; 3) Dia Internacional da dança Leveart; 4) Calourada da Belas Artes; 5) Calourada do "Teatro Universitário"; 6) Festival de Cenas Curtas "A-Mostra.Lab, 2ª edição"; 7) Festa da 3 Companhia Peregrina na Gruta Casa de Passagem; 8) Festa de comemoração de 5 anos da Cia. Queijo, Comédia & Cachaça; 9) Festa de encerramento do Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine Horto (parceria Galpão Cine Horto); 10) Dengue, A festa – Duelo de Vogue (cinco apresentações em festas);
“¡No Soy un Maricón!": o espetáculo-festa: 1) Estréia no Nelson Bordello. 2) no Dia Internacional Trans no Centoequatro, espaço cultural-BH (parceria com o NUH – Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT da UFMG/ FAFICH); 3) VI Bienal Internacional de Jovens Criadores da Comunidade de Países de Língua Portuguesa em Salvador – BA; 5) Temporada no Centoequatro; 6) "Ensaio.No soy un Maricón", abertura da noite Trans para o Festival Palco Giratório, organizado pelo Sesc; 7) Virada Cultural de Belo Horizonte; 8) Abertura do 9° Festival de Verão da UFMG; 9) Ponto de Cultura Casa do Beco; 10) Projeto "Quarta Doze e Trinta" da UFMG; 11) Projeto Residência da Casa Fora do Eixo no Rio de Janeiro (apresentação feita num baile funk da Rocinha/RJ).
Como vocês definem o grupo?
Somos um grupo composto em suma de atores gays, bissexuais e uma travesti, ou seja, experimentamos nossos gêneros e sexualidades para além da heteronorma. Unimos-nos em prol das questões que incorporam e problematizam os debates acerca desses universos, buscando assim garantir o alcance, garantia e manutenção de uma situação cada vez mais digna para o público de lésbicas, gays, bissexuais, mas principalmente para transexuais e travestis.
Como veem a questão trans em BH?
A situação trans ainda passa por um processo muito difícil, onde melhoras precisam acontecer para que a dignidade desses sujeitos seja respeitada. É claro que se olhar para trás, veremos que tivemos alguns significativos avanços, como a aceitação do nome social nas instituições de ensino e como algumas vagas de emprego oferecidas por certas instituições de trabalho, mas, ainda assim, há muitas meninas que não conseguem acessar esses serviços. Se pegarmos os noticiários, notamos que ainda há muitas meninas que estão sendo mortas nas esquinas. No requisito violência ainda não melhorou nada porque as mortes continuam, e estão aumentando. Na saúde, o nome social ainda não é respeitado por muitos dos funcionários do SUS, ocasionando um enorme constrangimento para essas meninas, mesmo aquelas que portam o cartão com seu nome social.