Professores da UFMG denunciam colega por homofobia

Diretor, vice-diretor e coordenadora também devem ser responsabilizados, pede documento

Publicado em 08/04/2015
Desembargador José Marcos Rodrigues Vieira, professor de Direito da UFMG, é alvo de alunos e professores após diversas condutas em sala de aula
Direção da UFMG também está na mira de professores

Um professor de Direito da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) já começa a pagar um preço pela sua homofobia. Professores da  instituição pediram abertura de processo administrativo e o seu afastamento do cargo.

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Tudo começou quando o desembargador José Marcos Rodrigues Vieira, professor há 35 anos da UFMG, teria dito a alunos do 5º período "graças a Deus existe um pouco de heterossexualidade no Direito". Logo depois, ele condenou o beijo lésbico de Fernanda Montenegro e Nathália Timberg na novela Babilônia.

Segundo o portal R7, alguns alunos se retiraram da sala e foram chamados de "vagabundos". Uma aluna desabafou no Facebook e no dia seguinte Vieira disse que estava sendo vítima de ofensas e que iria processá-la.

A partir daí, o caso passa a envolver três dos mais importantes funcionários da universidade, que também estão sendo responsabilizados pelos professores, que pedem a punição dos três.

Primeiramente, o diretor Fernando Gonzaga marcou uma reunião entre os alunos, o homofóbico e representantes da faculdade. Segundo a reportagem, em áudio gravado pelos estudantes, a coordenadora Yaska Campos afirma que "seria impossível" o afastamento do professor da turma e que os alunos deveriam entrar em acordo para não provocar uma "péssima convivência".

Na mesma gravação, Gonzaga afirma que seria "preciso perguntar a ele se ele tinha alguma intenção de discriminar alguém. A questão é se havia ou não a intenção dele ser homofóbico. Porque ele não é". Para piorar, o diretor  teria tentado evitar um pedido de sindicância dizendo que "se eu quisesse, poderia até manipular essa comissão", segundo o documento ao qual o R7 teve acesso.

O vice-diretor, Azziz Tuffi Saliba, lembrou que a sindicância só geraria advertência, sem o afastamento, e que uma denúncia formal "transformaria a situação em puro litígio".

Para os professores que assinam o pedido, houve "um ato claramente discriminatório e opressivo protagonizado por um professor em sala de aula desnaturar-se nas instâncias de poder", com a direção da faculdade tentando impedir a investigação "esforçando-se para proteger o professor denunciado de qualquer ato administrativo formal". Segundo a denúncia, a aula virou "palco para uma sucessão de atos de discriminação, lesbo-homofobia, autoritarismo, tentativas de silenciamento e desvios em algumas das funções mais elevadas de servidores públicos no exercício de atividades".

Procurado pela reportagem, Fernando Gonzaga não quis detalhar o caso por tratá-lo como "questão interna da faculdade" e Vieira não quis conceder entrevista.


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