Um lado: fazer show de até 10 horas para ganhar R$ 50, ser julgada pelo peso e não pela voz, e ver uma de suas bandas se desfacelar por pagamento não honrado. Um novo lado: ser a mais nova cantora-sensação do meio LGBT de BH.
Curta o Guia Gay BH no Facebook
Nada mais emblemático para representar essa passagem do que a música "I Will Survive" (Eu sobreviverei), de Gloria Gaynor, que a personagem em questão, Nega Jackie, cantou no programa "Máquina da Fama", no SBT, no final de 2013. Sobreviver para brilhar!
Nesse 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o Guia Gay BH quis conversar com alguém que representasse a força feminina, e como não se render a Nega Jackie?
Fã de Michael Jackson, Whitney Houston e Mariah Carey, a belo-horizontina, aos sete anos, ficava no "imbromation" ao plugar o headphone do irmão no lugar do microfone do aparelho de som e transformá-lo em fonte para ampliar sua voz. Aos 15 anos, aí em Sete Lagoas (MG), entrou no coral de uma igreja católica e já ganhou destaque.
A volta a BH, três anos depois, lhe deu a chance de participar de várias bandas e lapidar-se. Percalços mil, inclusive ordens para que emagrecesse se quisesse continuar em determinada banda, mas tudo valeu a pena.
"Fiz vários sacríficios, lutei muito, mas acho que precisava passar pelo que passei para ser quem sou hoje. E continuo procurando melhorar sempre como artista", conclui com firmeza. Em tempo: Nega não seguiu a ordem dada para emagrecer e foi cortada do grupo.
A carreira foi construída nas bandas de baile, mas um novo passo foi dado, de forma emblemática, na parada do Orgulho LGBT de Belo Horizonte de 2013, quando Nega Jackie, sob a guarda de sua madrinha na carreira, Paula Sete, ganhou destaque.
"A partir da parada, Paula me deu os instrumentais de várias músicas e meu repertório foi ampliado", explicou. E não só isso: "Ela me deu força para sair minha carreria solo. E foi fazendo canjas em shows dela, como no Mineiro Bill e na sauna Kratos, que consegui contratos." A artista também se apresenta no Gis+e no Liberty Hall.
Sobre os LGBT, só alegria. "Eu me sinto muito acolhida. É um público que não me julga pela aparência, mas pelo que faço no palco. E eu vou até o chão e rebolo mesmo! (rs). Sou doidinha e eles amam. É maravilhoso ter tudo isso."
Saiba onde ouvir Nega Jackie em nossa Agenda.